Brasília é pop!
Uma nova geração brasiliense domina as páginas da web, com milhares de seguidores espalhados por todo o país
Selfie com Lady Gaga, cobertura do Oscar, presença nos maiores eventos musicais do mundo, amizade com o apresentador Luciano Huck. Hugo Gloss, codinome artístico de Bruno Rocha, certamente não ambicionava chegar tão longe quando era apenas um garoto que amava música pop e brincava embaixo dos bloco, nos pilotis da Asa Norte.
No topo dos influenciadores digitais do país, o brasiliense se comunica diariamente com pelo menos 15 milhões de pessoas, ávidas pelas postagens ácidas, irônicas e bem-humoradas.
São mais de 8,8 milhões de seguidores no Instagram, 5 milhões no Facebook e 1,5 milhão no Twitter.
Ele reina, mas não está sozinho. Da mesma forma que Hugo Gloss, há uma dezena de pratas da casa nascidos ou crescidos na era digital que produzem conteúdo cultural voltado exclusivamente para as redes sociais.
Esse pleno domínio da tecnologia fez com que eles, organicamente ou de maneira planejada, causassem burburinho local, nacional e até mundial. Brasília é pop. Nas redes e fora delas.
Goiano de origem, mas criado em Brasília, o DJ Alok Petrillo é seguido por 1,4 milhão de pessoas no Instagram. A conta é ainda mais interessante no Facebook, onde tem 3,6 milhões de curtidas.
No caso dele (e também de Bruno Rocha), foi importante cavar espaço da maneira clássica antes de se tornar ícone na web. Em 2015, Alok foi eleito o melhor DJ do país pela revista especializada House Mag.
Tinha apenas 23 anos e já havia tocado com David Guetta, ícone da música eletrônica. Um ano depois, foi o único brasileiro a aparecer na lista dos 50 DJs mais importantes do mundo, elaborada pela publicação DJ Mag – ficou à frente de Daft Punk, para citar um exemplo. Ganhou visibilidade e milhares de seguidores.
O agora...
Hel Mother (apelido de Helen Ramos) se sobressaiu na mesma mídia digital ao falar sobre maternidade sem “caô”. Com 73.752 inscritos, a brasiliense foi assistida pelo menos 2,5 milhões de vezes.
Entre os temas abordados e mais compartilhados estão verdades e mentiras sobre mães, além de fatos que elas estão cansadas de ouvir.
… e o depois
Com quase 700 mil likes no Facebook e outros 300 mil no “Insta”, o escritor local João Doederlein pretende seguir o mesmo rumo. Em breve, lança o próprio canal no YouTube, inspirado por Hel Mother e Bruno Rocha.
“Farei vídeos autorais relacionados à poesia, declamando-a, mas em formato diferente do sarau ou de rodas clássicas. Vou adaptar para ficar voltado a um público jovem, da maneira como falo ao modo como o texto será construído”, adianta.
Conhecido por ressignificar palavras e dar a elas sentidos que dialogam com a geração Y, Doederlein (dono das contas Aka Poeta e Contos Mal Contados) se enxerga como parte da geração de nascidos na cidade que assumem o papel de influenciadores.
“Mudei a minha relação com o público, assumi essa postura interagindo mais com os seguidores. Investi no Twitter, em que 40 mil pessoas me seguem”, diz.
Curiosamente, a maior parte dos seguidores se concentra nos estados de São Paulo, Rio e Belo Horizonte.