Irlam Rocha Lima
A intensa atividade que desenvolve, como maestro da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, inviabiliza o violinista Cláudio Cohen manter uma agenda social. Ele se permite, no final de semana, fazer caminhada, tomar banho de sol e almoçar no clube que frequenta, sempre com a mulher Fabiane. Por vezes, o casal e o filho Bruno, de 12 anos, vão a algum restaurante próximo de onde moram.
Como os concertos da sinfônica voltaram a ocorrer regularmente, agora às 20h, de terça-feira, no auditório do Museu Nacional da República, Cohen divide o tempo entre o escritório da orquestra, que fica na Biblioteca Nacional, os ensaios no Cine Brasília, e o estúdio que mantém em casa, onde guarda livros, discos, partituras e filmes de concertos, além do violino italiano do século 19, que adquiriu em 1990.
Na sala do apartamento, localizado na 314 Sul, está instalado um piano. Segundo o maestro, quem mais o utiliza é o filho, que está recebendo aulas do instrumento, depois de ter estudado violino. “Bruno, talvez influenciado por mim, pretende levar adiante a carreira de músico”, comenta o pai-coruja. “Ficaria muito feliz se ele viesse se tornar um violinista ou um pianista”. observa.
Pela dedicação, praticamente exclusiva, ao ofício que exerce, sobra pouco tempo para o maestro interagir com os vizinhos do prédio onde mora. “Tenho boa relação com os moradores do bloco, mas não nos visitamos. Quase todos, sabem que sou maestro da Orquestra Sinfônica; e quando, eventualmente, nos encontramos, no elevador ou na garagem, a conversa gira em torno de música”, comenta.
Mas entre os vizinhos há um de quem ele se tornou amigo: o servidor público aposentado Paulo Roberto Nogueira. “Já conhecia o Cláudio, antes de ele vir morar aqui no prédio. Como sempre tive o saudável hábito de assistir aos concertos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, me recordo dele da época em que era spalla (violinista principal). Mas, só nos aproximamos depois que ele veio morar aqui na 314. A primeira vez que conversamos foi num encontro casual na garagem. A partir daquele dia nos tornamos amigos”, lembra Paulinho — como ele é chamado pelos amigos —, que deixa claro a admiração que tem pelo maestro.
Espectador assíduo
“Depois disso, passei a ser um espectador assíduo dos concertos que o Cláudio rege e procuro conversar com ele depois das apresentações. Como sou leitor do Correio Braziliense, toda vez que o jornal publica alguma matéria sobre a orquestra, compro um exemplar a mais e levo para ele”, conta. “Costumo, também, presentear o pequeno Bruno com objetos referentes ao Flamengo, clube do qual tanto ele como eu somos torcedores”.
Fã, também, de Zé Mulato & Cassiano, Paulinho intermediou junto a Eduardo Araújo, então presidente do Teatro dos Bancários, o show comemorativo dos 40 anos da dupla, acompanhada por uma orquestra, sob a regência de Cláudio Cohen. “Aquela foi uma noite inesquecível, na qual a música sertaneja de raiz e a sonoridade erudita estiveram lado a lado, num concerto que entrou para a história do Teatro dos Bancários; e que vai ficar guardada na memória afetiva das pessoas que superlotaram aquele importante espaço localizado na entrequadra 314/315 Sul”, ressalta.
Embora destaque a simplicidade do amigo, Paulinho vê Cláudio Cohen como um intelectual, “capaz de discorrer com total familiaridade sobre a obra dos grandes mestres nacionais e internacionais da música erudita”, acrescenta.