Vai de bike! Um roteiro para conhecer o centro de Brasília de bicicleta

Iara Pereira*

Brasília é uma verdadeira obra de arte a céu aberto. O Plano Piloto projetado por Lucio Costa e repleto de monumentos de Oscar Niemeyer se tornou um ícone do modernismo brasileiro. A disposição pensada em quatro escalas – monumental, residencial, gregária e bucólica – criou uma cidade parque.

E qual a melhor forma de conhecer um parque se não de bicicleta? O Correio preparou uma rota que passa pelos principais monumentos de Brasília, confira a seguir:

1. Memorial JK

memorial jk

Partindo de um dos pontos mais altos da cidade, nosso passeio começa no Memorial JK. Construído em homenagem ao presidente que transferiu a capital do Brasil para o Planalto Central, o monumento guarda a história por trás da construção da cidade aniversariante. O espaço reúne acervo pessoal e político de Juscelino Kubitschek, com fotos que contam detalhes de sua vida, maquetes, vestes, imagens da construção e inauguração da capital e, ainda, uma reconstituição da biblioteca pessoal trazida diretamente do Rio de Janeiro. O memorial está aberto para visitação de terça a domingo, das 9h às 18h. O ingresso custa R$ 10, com meia-entrada para estudantes e idosos.

2. Mané Garrincha 

estádio mané garrincha

Continuando a rota em direção à Esplanada, você verá, à sua esquerda, o Centro Esportivo de Brasília, formado pelo estádio Arena BRB Mané Garrincha e a  Arena BRB Nilson Nelson. O espaço é palco para shows e competições desportivas, e em breve contará também com um Boulevard. As visitações são gratuitas e acontecem aos sábados, das 9h às 12h.

3. Planetário

planetário de Brasília

De frente para o estádio fica o Planetário de Brasília Luiz Cruls, homenagem ao astrônomo belga responsável pelo mapeamento do Planalto Central. O local é um centro de diversão e contato com a ciência. Durante a visita, é possível admirar um modelo de foguete suborbital usado pela Agência Espacial Brasileira, tirar uma foto ao lado do macacão espacial de Marcos Pontes, único brasileiro cosmonauta, e assistir a um filme em 3D projetado na cúpula do Planetário. O horário de funcionamento é de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada é gratuita.

4. Centro de Convenções Ulysses Guimarães 

 

Ainda no Centro de Diversões de Brasília está o Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Inaugurado em março de 1979, o espaço passou por um processo de reforma e ampliação no ano 2000 e foi reinaugurado em setembro de 2005. Agora, com capacidade para abrigar mais de 9 mil pessoas ao mesmo tempo, o Centro de Convenções recebe shows e eventos variados.

5. Torre de TV

A Torre de TV é um marco visual da cidade. O projeto de Lucio Costa foi inaugurado há 55 anos para receber antenas de emissoras de rádio e TV. O mirante da Torre, a 75 metros do chão, é parada obrigatória para quem quer entender toda a simetria do plano piloto. A vista panorâmica das asas Sul e Norte e dos monumentos pelos quais acabamos de passar em nosso passeio são de tirar o fôlego.  A visita à Torre de TV se completa com o passeio pela Fonte Luminosa e pela famosa Feira da Torre, que oferece aos visitantes o melhor do artesanato e da identidade local.  O mirante fica aberto de terça a sexta-feira, das 12h às 17h45. Aos sábados, domingos e feriados, o funcionamento é das 9h às 17h45.

6. Biblioteca Nacional de Brasília

Nos aproximando do fim do passeio, temos a Esplanada dos Ministérios. O vasto gramado acomoda, além dos prédios ministeriais, outros cartões postais da capital, todos projetados por Oscar Niemeyer. Começando com a Biblioteca Nacional, disponível para visitas desde 2008. Além do serviço de empréstimo, a biblioteca permite a realização de eventos culturais, como exposições e palestras. O usuário também pode acessar a internet gratuitamente. De segunda a sexta-feira, a biblioteca funciona das 8h às 20h. Aos sábados e domingos, o público pode visitá-la das 8h às 14h.

7. Museu Nacional da República

O Museu Nacional da República é mais uma obra assinada por Oscar Niemeyer. O espaço em formato de semi-esfera é utilizado para exposições itinerantes de artistas renomados, palestras, mostra de filmes, seminários e eventos. Dessa forma, contribui para a educação democrática por meio da cultura e ativa o turismo. A entrada no espaço é gratuita e pode ser feita de terça a domingo, das 9h às 18h30.

8. Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida

A Catedral Metropolitana concentra todos os elementos pelos quais Niemeyer é reconhecido: linhas arquitetônicas únicas, vidros e espelhos d’água. O templo pode ser visitado de terça a sábado entre 8h e 16h45. Aos domingos, o horário de visitação é das 9h às 17h45.

9. Congresso Nacional

Principal cartão postal de Brasília, o Palácio do Congresso Nacional está situado no fim do Eixo Monumental. A sede do Poder Legislativo é composta por uma cúpula menor, voltada para baixo, que abriga o Plenário do Senado Federal. Já a cúpula maior, voltada para cima, abriga o Plenário da Câmara dos Deputados. Entre as duas cúpulas se encontram duas torres de 28 andares: uma delas pertence à Câmara e a outra, ao Senado. Atualmente as visitas presenciais ao Congresso Nacional estão suspensas e sem previsão para retorno.

10. Praça dos Três Poderes

Enquanto o Congresso ocupa um dos vértices do triângulo que delimita a Praça dos Três Poderes, a base do triângulo é formada pelo Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. Para visitar o centro do poder no Brasil  é preciso agendar as visitas por meio dos canais oficiais. Além disso, também é possível encontrar o conjunto cultural da Praça dos Três Poderes, composto pelo Museu da Cidade, o Espaço Lucio Costa e o Panteão da Pátria Tancredo Neves. Todos contando parte da história da idealização e construção da capital do país. As visitas ao Espaço Lucio Costa e ao Panteão da Pátria podem ser feitas de terça a domingo, entre 9h e 18h.

E aí, já preparou sua bike? Veja as imagens do passeio no vídeo:

*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

Diversão na fazendinha de JK e festa para a Legião Urbana na Villa-Lobos

Talita de Souza

Minha Brasília
JK em junho de 1976, na Fazendinha do JK

Guto Felício dos Santos chegou a Brasília com 4 meses de idade, três dias antes da inauguração. O pai, deputado federal, veio assumir o mandato na nova capital, criada pelo primo, Juscelino Kubitschek. 

Foi com a família Kubitschek as primeiras lembranças de Guto em Brasília. O apartamento dos pais dele, na 111 sul, tornou-se um refúgio para o ex-presidente quando ele estava proibido de vir a Brasília, em 1974. “Lembro de ele ficar escondido lá em casa, no bloco H da 111. Ele abria a janela e ficava chorando, ele não acreditava que Brasília estava consolidada, tinha crescido”, conta.

Quando JK estava na casa de Guto, uma vizinha, Vera Brant, decidiu comemorar a vida do ex-presidente. “Todo mundo começou a dançar e dançar e a animação fez com que todos fossem para baixo do bloco, onde a festa chamou mais gente. Foi chegando todo mundo e foi um grande marco. Ali, viram que não tinha como impedir que JK viesse e vivesse em Brasília”, lembra. 

Minha Brasília
Guto Felício e a esposa Valéria. O brasiliense vivenciou momentos com JK, primo dele, e foi responsável pelo show do Legião Urbana na Villa-Lobos

Logo depois, a família passou a frequentar a fazendinha de JK, em Luziânia. O pai de Guto dirigia, enquanto Juscelino ia no banco do passageiro e falava para ele acelerar. “Meu pai não era muito de correr e Juscelino sempre falava para ele ir mais rápido. Era uma cena clássica, ele sempre tirava os sapatos e colocava no painel do carro”, conta. 

“Em uma dessas vezes, em 74, faltava 1km para chegarmos na fazendinha e o pneu estourou. Como eu era o mais novo, fui trocar o step, mas o carro estava sem o macaco. JK falou para eu ir para a fazenda e chamar ajuda. Eu estava indo quando ele decidiu sair do carro. Ouvi uma freada forte e muita poeira. Era um carro que o reconheceu e parou para cumprimentá-lo. Em pouco tempo, uma fila de 10 carros foi feita e todos queriam falar com ele”, lembra Guto, que voltou para ver o movimento. 

“Acabou que todos se juntaram e levantaram o carro na mão para trocar o pneu e, no fim, ele convidou todo mundo para a fazenda e foi uma festa. Ele era assim, muito popular, e graças a Deus eu tive a chance de acompanhá-lo”, declara. 

Pouco mais de 10 anos depois, já adulto, em 1986, era a vez de Guto propiciar momentos marcantes para Brasília. Foi ele quem articulou a apresentação histórica do Legião Urbana na sala Villa Lobos, no Teatro Nacional Claudio Santoro, reservada, na época, para ópera e balé. 

“Trabalhava com um primo em uma empresa que gerenciava show e, em 1986, decidimos fazer um show do Legião. Fui até o Rio negociar com o empresário e com Renato [Russo]. Ele disse que só faria um show no Ginásio, onde a gente queria, se ele se apresentasse na Villa Lobos”, lembra. 

“Eu pensei ‘meu Deus, vai quebrar tudo lá, ninguém nunca vai deixar, vai ser um tumulto’. Liguei para o governo e negociei. Depois de três horas de conversa, o governo topou o show, mas em dois dias, para evitar tumulto. Foi fantástico, Renato se emocionou muito em se apresentar ali, lotou os dois dias e apenas uma cadeira ficou fora do lugar. Foi muito marcante”, conta. 

Minha Brasília
A suntuosa Sala Villa-Lobos, no Teatro Nacional. Reservada para óperas, orquestras e balés, Legião Urbana fez história a fazer um show no local, a pedido de Renato Russo

Jardim Botânico, Zoológico e Ermida: conheça passeios para curtir Brasília

Iara Pereira*

Brasília surgiu primeiro como um sonho. Em 1883, 77 anos antes da inauguração da cidade, um padre italiano sonhou com uma terra próspera, construída exatamente nas coordenadas onde a cidade está hoje.

No relato, eternizado em um livro de memórias, o santo católico João Bosco, conhecido como Dom Bosco, conta ter sonhado que fazia uma viagem à América do Sul. Mesmo sem conhecer o continente, imaginou um lugar entre os paralelos 15 e 20, onde havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se formava um lago. Segundo ele, essa visão representava a “terra prometida, de onde jorrará leite e mel”.

Hoje, 138 após o sonho de Dom Bosco e exatamente no ponto visualizado, está a primeira construção de alvenaria da cidade. Uma ermida que leva o nome do santo e que foi inaugurada em 1957, antes mesmo de Brasília. Emoldurado pelo Lago Paranoá, foi criado também o Parque Ecológico Ermida Dom Bosco, categorizado como Monumento Natural 

Com 131 hectares de área verde, o espaço atrai esportistas, famílias para piqueniques e muitos visitantes para ver um dos pontos mais famosos de Brasília para assistir um pôr do sol. Também é comum ver por lá banhistas nadando e aproveitando o sol às margens do lago.

Assista ao vídeo do especial Brasília 62 anos com mais informações:

Jardim Botânico

O Jardim Botânico de Brasília é predominantemente composto por vegetação do cerrado. Por conta dessa característica, é conhecido como o “Jardim do Cerrado”. Com quatro parques temáticos (jardim japonês, jardim de cheiros, jardim evolutivo e jardim de contemplação), o JBB pode ser apreciado por meio das trilhas que estão abertas à visitação. E, aos que amam manter contato com a natureza, o espaço é perfeito para piqueniques, além de contar com uma das melhores opções de café da manhã da cidade aos finais de semana.

Veja mais detalhes de cada jardim:

  • Jardim EvolutivoTem a finalidade de apresentar a evolução das plantas segundo seu sistema reprodutivo. É onde estão localizados o Orquidário, a Casa de Chá e o Espelho d’Água. 
  • Jardim Japonês – Apresenta um paisagismo que busca equilíbrio e harmonia. O visitante é convidado a contemplar as águas, pedras, plantas e adentrar um estado de meditação.
  • Jardim de Cheiros ou Jardim Sensorial – Busca a interação dos visitantes com a flora do JBB. Projetado para valorizar plantas com características medicinais, aromáticas e condimentares, o jardim é um espaço didático, que estimula os cinco sentidos.
  • Jardins de Contemplação – Foram idealizados como uma representação dos seis biomas brasileiros: Mata Atlântica, Cerrado, Pampas, Floresta Amazônica, Caatinga e Pantanal. As diferentes espécies vegetais são posicionadas ao redor de um lago central.

Jardim Zoológico

Para quem gosta de observar a fauna, o Jardim Zoológico de Brasília, próximo ao Guará, integra o visitante com a natureza. Em uma área de mais de 130 hectares, o Zoológico comporta os recintos dos animais, o Museu de Ciências Naturais, borboletário, uma área para acampamento e piquenique, lagos artificiais, estacionamento e lanchonetes. Tudo isso além das áreas arborizadas para passeio, onde o visitante pode apreciar a diversidade de espécies que habitam no jardim.

*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

Centro de Dança do DF oferece aulas gratuitas de balé e afro dance

Iara Pereira*

O Centro de Dança do DF é um dos pontos culturais já tradicionais em Brasília. Fundado em 1993, ao lado do Teatro Nacional, o espaço ficou fechado por cinco anos, mas retornou com as atividades em 2018.

Frequentado por dançarinos profissionais, amadores, aprendizes de todas as idades e mestres, o Centro de Dança se estabeleceu como um local dedicado a ensaios, oficinas e espetáculos.

A agenda conta com aulas para profissionais e para iniciantes, oferecendo inclusive aulas gratuitas de balé e afro dance. A professora de dança Tereza Braga explica que o projeto é gratuito para crianças iniciantes a partir de 6 anos. Os pequenos entre 7 e 12 anos que já tiveram experiência com balé participam de uma aula experimental para a formação de uma segunda turma.

fachada do centro de dança do DF
Centro de Dança do DF voltou a funcionar em 2018, após cinco anos fechado

“O Centro de Dança é um espaço maravilhoso, muito bonito e gratuito também. Eu acho que é um incentivo muito grande a gente ter esse espaço e aproveitá-lo”, afirma a bailarina Tereza Braga.

Com quase 30 anos de existência, as salas de aula e palcos do Centro de Dança do DF foram cenários para a construção de histórias pessoais. Este é o caso de João Gabriel Lima, que, em 2009, decidiu complementar sua formação em artes cênicas com aulas de dança. 

“Eu fui formado aqui e agora eu ofereço formação aqui. A manutenção e o cuidado com esses espaços é que podem ir alçando a produção cultural brasiliense para um nível profissional”, defende João Gabriel , que já participou de dois dos principais grupos de arte contemporânea da cidade e hoje leciona no Centro de Dança.

Assista também à reportagem em vídeo:

Serviço

Centro de Dança do DF

Setor de Autarquias Norte, Quadra 1

Telefone: 3328-4387

Instagram: @centrodedancadf

Site: www.cultura.df.gov.br/centro-de-danca-2

 

Ballet Infantil

Terças e quintas-feiras, das 14h30 às 16h30

Inscrições e informações: professora Tereza Braga – (61) 98226-4545

 

Dança Afro Contemporânea

Terças e quintas-feiras, das 19h às 21h30

Inscrições e informações: professor Júlio César – (61) 99232-0119

 

*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer