Transporte, saúde e energia eram as reclamações de Brasília na década de 60

Talita de Souza

O ditado “desde que o mundo é mundo”, usado para se referir a uma questão que foi estabelecida ou que ocorre há muito tempo, se encaixa bem ao se referir a problemas de alguns setores de serviços de Brasília. Transporte público, saúde e infraestrutura são as três áreas que mais provocam reclamações de moradores da capital nos dias atuais,  e também provocavam insatisfação desde a década de 1960.

Em um levantamento feito pelo Correio, a maioria das reclamações dos moradores da cidade em abril de 1962, mês e ano em que a capital completava apenas dois anos, feitas na Coluna do Leitor, se tratavam de falta de energia, mudanças de horárias repentinas no serviço de transporte público — ou até mesmo a falta do ônibus nas paradas — e falhas no atendimento médico. 

Naquele momento, há apenas dois anos do nascimento da capital, os poucos moradores que apostaram na nova capital e vieram doar as vidas para o projeto e para o futuro de Brasília, não perdiam tempo para exigir melhorias para a cidade. Com tom de seriedade, irritação e até mesmo deboche, os candangos rechearam as páginas do jornal com o que eles desejavam que fossem notícia: uma capital melhor e digna para todos.

Confira abaixo algumas das reivindicações feitas por meio do Correio nesse aspecto. 

TCB vergonha: morador diz que precariedade do serviço poderá levar usuários a fazerem “justiça pelas próprias mãos”

A Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB), inaugurada em maio de 1961 como Transporte Coletivo de Brasília, era alvo de constantes reclamações em abril de 1962. Responsável pelo serviço de ônibus na capital, a empresa foi classificada como “vergonha de Brasília” pelos moradores. 

Em 3 de abril de 1962, David Lobo, morador da Superquadra 413, descreveu que a TCB tinha problemas desde o atendimento dos funcionários até a qualidade dos ônibus. “É uma tristeza observar-se que numa cidade tão bem traçada como Brasília dotada de todos os requisitos modernos, seja tão mal servida de transporte”, começou o brasiliense.

“Observa-se que os horários não são cumpridos, os trocadores são mal educados e os motoristas são grosseiros”, acrescenta. O tradicional problema do troco, dor de cabeça para cobradores e usuários de ônibus de Brasília, já era um fator de estresse naquela época, quando a moeda ainda era o cruzeiro. 

“Na linha JK-W3 o preço da passagem é de Cr$ 15, mas o trocador nunca tem Cr$ 5 para dar de troco. Se o passageiro reclama, é recebido com uma série de grosserias”, contou. O estresse também era presente na hora de pegar ou descer do ônibus: David afirma que os motoristas não respeitavam as paradas de ônibus e que “param onde bem entendem”. 

Com tantos pontos de insatisfação, David compartilha com os leitores do Correio que o estresse pode levar a uma medida radical. “Procurem melhorar essa situação pois, um dia quando a população começar a revoltar-se e fazer justiça pelas próprias mãos, irão dizer que são vândalos e sem educação”, termina.  

Funcionários da Caixa Econômica abandonados na W3: “Brasília vai se tornar odiada”

O drama de Fernando Carlos Xavier, morador da quadra 16, foi exposto em 13 de abril de 1962. De acordo com o homem, a TCB não tinha horários definidos e os motoristas passavam quando quisessem, o que fez com que fossem penalizados no serviço por chegarem atrasados. “Horário para os motoristas da TCB é coisa secundária, pois nunca obedecem”, ironiza Fernando.  Ele conta que já ficou por 40 minutos à espera de um ônibus que o levasse da W3 para a Rodoviária. Na carta, o homem pede a correção do problema sob pena de que “Brasília vai se tornar uma cidade odiada por aqueles que não possuem condução própria”. 

Paradas de ônibus “mal feitas” e ineficientes

Os problemas com transporte público também eram vivenciados fora dos ônibus: Dalton Lobo, morador da Superquadra 413, reclamou, em 10 de abril de 1962, sobre a estética das paradas de ônibus. Chamadas à época de “abrigos”, os locais foram classificados como “mal feitos” e “ridículos”. “Já viram como são ridículos os abrigos construídos para passageiros na av. W3?”, questionou o homem à redação e aos outros leitores do Correio. 

Além de feios, Dalton conta que as paradas não servirão para livrar os passageiros da chuva.  Ele pede que a Assessoria de Planejamento da época “reveja” os projetos de construção dos locais. “Brasília é uma cidade ultra-moderna que não comporta coisas mal-feitas”, finalizou o leitor na carta. 

Hospital não atende telefone, tem números fakes e deixa brasilienses na mão

Em época de Serviço de Atendimento Médico Móvel (Samu), pode ser incomum ouvir que para pedir uma ambulância na década de 1960 era necessário ligar para o hospital, em um telefone fixo, e torcer para ser atendido. A realidade da época foi revelada por Rafael de Mendonça, em 3 de abril de 1962. Na carta enviada ao Correio, Rafael fala sobre a falência desse sistema no Hospital Distrital, nome da unidade de saúde que hoje é o Hospital de Base. 

O morador da Asa Norte conta que o telefone geral do lugar não atende e, na tentativa de encontrar outros canais para ser atendido, ligou para os números listados como do Hospital Distrital no catálogo telefônico. A surpresa foi que os números, que tiveram a ligação prontamente atendida, não eram da unidade de saúde, mas sim de residências particulares. 

Rafael ainda reclama que não há na Asa Norte telefones disponíveis, apenas quatro espalhados por toda a extensão da localidade, o que dificulta ainda mais a tentativa de pedir socorro para um ente querido. Ele classificou como “desesperadora” a situação de saúde no local e pediu que as autoridades olhassem “com carinho” as críticas e tomem providências.

Onde dias depois, outra reclamação sobre os telefones do hospital foi registrada no Correio. Em 14 de abril, Manuel de Souza Lima, do Acampamento da E.B.E, direcionou a insatisfação com a telefonista da unidade de saúde. Ele afirmou que ligou para o pronto-socorro e a ligação não foi transferida, que caiu. 

Depois, tentou contato e não obteve êxito. Manuel conta que o caso era sério e não podia esperar e que “irritou-se, pegou um carro e levou a pessoa enferma ao hospital”. Ele pedia que a direção do hospital corrigisse o problema e classificou o serviço telefônico como “Inteiramente deficiente”. 

Portaria desumana: um pronto-socorro “que de socorro não tem nada”

Em 29 de abril, o relato de um pai de um bebê de seis meses trouxe angústia aos leitores do Correio. Juarez da Silva, morador do bloco 4 da Superquadra 105 contou que foi até o Hospital Distrital levar o filho que estava “necessitando de socorro urgente”. Lá, esperou cerca de 1h15 por atendimento, que, segundo ele, foi negado pela portaria do local, que classificou como “desumana”. 

Primeiro, o chefe de portaria exigiu documentos e depois afirmou que o bebê só seria atendido se fosse pago uma taxa extra. Juarez afirmou que pagaria o que precisasse porque queria que o filho fosse atendido. No entanto, o “desalmado porteiro” não encaminhou o menino para atendimento e o pai teve que ir ao hospital do Iapi (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários) porque “a criança piorava mais”. 

Juarez fez um apelo à direção do hospital “a fim de que procure um meio para humanizar o Hospital Distrital, principalmente o Pronto-Socorro que de socorro não tem nada”. 

Escuridão atrapalha o ir e vir dos brasilienses

Em 10 de abril de 1962, Meyer Wakimin expôs que as noites no bloco 16 da Asa Norte eram permeadas de escuridão, que causava insegurança e impedia o ir e vir dos moradores. O homem afirma que a falta de energia no residencial do IAPC torna “quase impossível às moças ou senhoras sair de casa”, porque além do “risco de serem assaltadas por malfeitores”, que, segundo ele, faziam morada no local, também poderiam cair em buracos nas ruas, problema recorrente no local. 

O mesmo problema foi relatado, também, em outra localidade de Brasília, o conjunto residencial JK, nas Superquadras 412 e 413. Em 13 de abril daquele ano, os moradores afirmaram que a iluminação precária feita apenas por lâmpadas comuns anexadas às paredes dos edifícios deveria ser trocada por um projeto de iluminação maior e mais abrangente. 

Os brasilienses que viviam no local afirmavam, ainda, que as lâmpadas por vezes queimavam e ninguém trocava. A mesma reclamação foi refeita no jornal quatro dias depois, em 17 de abril, dessa vez por apenas um morador, Daltro Lobo.

Em 28 de abril, foi a vez de Paulo Roberto reclamar da precariedade da iluminação na SQ 107, onde morava. O homem afirmou que os casais que andavam ali poderiam sofrer “atentado por parte de maus elementos” e pediu “enérgicas providências” para que o problema fosse solucionado. 

Todas as histórias relatadas aqui foram resgatadas das edições de 1962 guardadas no Centro de Documentação (Cedoc) do Correio Braziliense. O Correio se orgulha de fazer parte da história de Brasília! 

 

Veja as reclamações “curiosas” sobre Brasília na década de 1960

Falta de iluminação que dava um lugar para que casais promovessem “escândalo” no escurinho da superquadra 107, uma cadela raivosa mas com um dono “muito mais perverso” que fazia os cabelos dos moradores da quadra 17 se arrepiarem, e a falta de variedade no cardápio de um restaurante perto da Igrejinha eram algumas das variadas e curiosas reclamações recebidas pelo Correio no quadro Coluna do leitor, em abril de 1962. 

Há apenas dois anos do nascimento da capital, os poucos moradores que apostaram em Brasília e vieram doar as vidas para o projeto e para o futuro da cidade não perdiam tempo ao exigir melhorias. Com tom de seriedade, irritação e até mesmo deboche, os candangos rechearam as páginas do jornal com o que eles desejavam que fosse notícia: uma capital melhor e digna para todos. 

Confira uma seleção dessas reivindicações preparada pelo Correio em comemoração aos 62 anos de Brasília:

Comida “racionada e intragável”

Em uma terça-feira de abril, no dia 3 daquele mês em 1962, a página 6 do Correio recebeu uma reclamação deveras válida: um trabalhador que não aguentava ter a principal refeição do dia composta por alimentos “racionados e intragáveis”. 

Reinaldo J. Vieira foi o dono da reclamação contra o restaurante Americana, localizado, à época, perto da Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima. O homem afirma que a comida era servida no prato e, por isso, era feito como os donos desejavam — a contragosto de Reinaldo. De acordo com ele, o menu da casa não era variado, era sempre “um pouquinho de arroz, feijão preto e dobradinha”. “A comida que servem aos fregueses, além de ser racionada, é intragável”, disse na carta.

De acordo com o reclamante, a falta de variedade e o fato de ser “pouco substanciosa” torna a comercialização do restaurante uma “exploração e caso de polícia”. “Convenhamos, é exploração e caso de polícia. Urge, portanto, providências adequadas das autoridades competentes”, concluiu ele. 

Dois dias depois, mais uma vez a página 6 foi tomada por uma carta do senhor Reinaldo, que parecia ser um guardião do paladar dos trabalhadores brasilienses da época. Em 5 de abril de 1962, a reclamação se dirigiu ao restaurante do Grupo de Trabalho de Brasília (GTB), órgão responsável pela construção de prédios habitacionais na capital. 

Nesse, Reinaldo provou o que ele chamou de “arroz sem tempero” e um “feijão mal preparado”. A carne? Não tinha. “A comida vem piorando dia a dia, pois, antigamente ainda era servido o bife, mas agora deixaram de servir esse insubstituível prato”. 

O Correio se pergunta se Reinaldo conseguiu tornar os horários de almoço dele e dos colegas em um período agradável e saboroso. Esperamos!

Cadela perigosa, dono perverso: o terror da Quadra 17

Imagina não poder circular pelas ruas da quadra em que mora porque a qualquer momento uma cadela pode te atacar sem motivo ou, ainda, a mando do próprio dono? Essa era a realidade vivida em abril de 1962 pelos moradores da Quadra 17, de acordo com Luiz Fernando Alves. O homem escreveu ao Correio para pedir às autoridades “providência” para o caso. 

De acordo com Luiz Fernando, a cadela, que é descrita como muito bonita, vivia solta pela quadra e sempre atacava as pessoas do local. O temperamento da cachorrinha também era utilizado pelos interesses do dono, classificado como “muito mais perverso” que o animal.

Luiz afirma que o tutor da cadela obrigou-a a atacar “um grupo de rapazes” que conversavam na quadra. Ele pedia que a polícia e outras autoridades intervissem para que o fato não se repetisse e para que “crianças inocentes não sejam também mordidas”. 

Um galinheiro e uma bananeira: a receita para estressar vizinhos

A vizinhança do Bloco 5 da Superquadra 412 era uma calmaria até o momento em que um deles teve a ideia de cultivar um galinheiro em frente à entrada em que mora, em um espaço que era destinado ao jardim do bairro.

A carta, feita pelos moradores indignados, dizia que o homem tinha “a mania de fazendeiro” e chegou a plantar uma bananeira no local, além de alguns legumes e outras coisas em frente ao apartamento dele.

Os vizinhos insatisfeitos pediam que as autoridades fizessem algo para acabar com o “cocoricó” das galinhas, com a justificativa de que a pequena fazendinha do homem prejudicava “completamente o plano urbanístico da cidade”.

Lambretista abusado na 409 tira o sossego dos pais da quadra

A coluna do leitor de domingo, 15 de abril de 1962, trouxe uma história um tanto curiosa, digna de reality shows que tratam sobre problemas entre familiares e vizinhos. Tratava-se de uma reclamação dos moradores do Bloco 29 da Superquadra 409, que reclamavam do que chamaram de “um abusado lambretista” que passeava pela calçada do local “sem respeitar quem ali passa”. 

Imprudente, o lambretista foi acusado de “quase matar um menor”, chamado de Francisco da Cunha Filho, de 4 anos, que brincava na entrada do apartamento em que morava. Além de quase causar o acidente, o lambretista “ainda achou-se no direito” de ir até a casa da criança e falar para o pai não deixá-la em frente à casa porque era o local onde ele passava com a lambreta. 

Na carta, os moradores apelaram ao então chamado Serviço de Trânsito da capital para “que baixe determinação com a finalidade de coibir abusos dessa ordem”. Será que a sagaz lambreta recebeu uma multa? 

Mulher despejada sem estar em casa perde herança de família

Uma moradora da Superquadra 412 usou a Coluna do Leitor para denunciar o despejo dela, que lhe custou mais do que um lugar para morar. Em 19 de abril de 1962, a carta de Elza Ramos contou o drama que viveu. Ela havia sido despejada há dois meses do apartamento em que morava na 412, enquanto trabalhava. Quando chegou em casa, além de não ter acesso ao local, não sabia onde estavam todos os móveis. 

A saga de Elza para encontrar as suas mudinhas de roupa e o restante dos bens durou dois meses, até que os encontrou. O problema é que a ex-moradora da Superquadra 412 diz ter perdido diversas jóias, roupas de cama e ate mesmo uma radiola, “de alta fidelidade”, que “ficou inteiramente estragada”. 

No entanto, há um objeto que Elza fazia questão de reaver: um crucifixo, herança de família. Na carta, ela reclama de ter sido furtada “numa terra de gente civilizada” e que o que ocorreu com ela, os móveis e os bens “é obra de pessoas sem princípio, indigna de funcionar como servidores de um órgão judiciário, que tem obrigação de dar bom exemplo”.  

Na reclamação, ela se dirige diretamente ao Juiz da Primeira Vara da Fazenda Pública, que emitiu a ordem de despejo, “para que tome uma providência enérgica para punir os culpados” e fazer com que o crucifixo apareça. 

Pombal inacabado? Leitor confunde traço artístico de Oscar Niemeyer

Reclamação pombal inacabado
Leitor reclamou do Pombal criado por Oscar Niemeyer para a Praça dos Três Poderes

Em 24 de abril de 1962, dois dias após Brasília completar dois anos, o leitor Darcy Viana trouxe uma reclamação que, hoje, pode ser vista como uma crítica ao trabalho de Oscar Niemeyer. O morador do Bloco 6 da Superquadra 409 afirmava que o Pombal da Praça dos Três Poderes, erguido e inaugurado em 1961 durante o governo de Jânio Quadros, estava inacabado. 

Ele afirmava que as autoridades tinham duas alternativas: “Ou se retira aquela coisa horrível que o governo de Jânio Quadros construiu (a única obra que fez em Brasília) ou então se termina dando-lhe a complementação digna da suntuosidade da Praça dos Três Poderes”. Darcy ainda chamou a obra de um dos arquitetos mais renomados do mundo de “monstrengo” que enfeia a paisagem do local. 

O Pombal, na verdade, não estava inacabado. Ele foi inaugurado em 1961, pronto, logo após a primeira-dama, Eloá Quadros, fazer o pedido para Niemeyer. Ela dizia que todas as praças deveriam ter pombos — o Pombal é uma maneira de atrair pombos para o local.

De acordo com historiadores, Niemeyer não gostou da ideia, por achar que a praça deveria continuar plana, ou seja, sem nenhum outro monumento no meio dela. Mas precisou atender o pedido “irrecusável”. Fato engraçado: a obra é conhecida por alguns brasilienses como “prendedor de roupa”. 

Mosquitos causam insônia aos moradores da 206

Maria Pereira dos Santos não aguentava mais perder noites de sono quando decidiu escrever uma reclamação ao Correio, que foi publicada em 27 de abril de 1962, uma sexta-feira. Moradora do bloco 1 da Superquadra 206, ela afirma que uma “onda de mosquito” ronda o local, insetos “tão fortes e violentos que impedem o sono dos habitantes do edifício”.

Maria ressalta, na carta, que os mosquitos podem ter relação com “fossas anti-higiênicas” que ainda existiam no local. Por fim, ela pedia que as autoridades corrigissem o problema, porque “não se justifica que numa cidade com todos os recursos da técnica moderna, seus moradores tenham seu sono cortado por uma onda perturbadora de mosquito”. 

Asa Norte preterida? Morador reclama de falta de bancas

Considerado um dos locais com melhor qualidade de vida de Brasília, a Asa Norte parece não ter sido sempre preferida pelas autoridades locais na década de 1960. Pelo menos não para Meyer Wakimin, morador do Bloco 16 da Asa Norte, que escreveu ao Correio em 11 de abril de 1962 para reclamar que “as autoridades, decididamente, não dão a menor importância pela sorte dos que vivem no conjunto residencial”. A revolta de Meyer é a falta de bancas de jornal.

“Por que a Novacap só não construiu Banca de Jornaleiros na Asa Norte?”, questionou o morador. O homem afirma que “não há motivo justificável” para a inexistência desses estabelecimentos que promoviam a comercialização de jornais, revistas e outros itens de conhecimento e entretenimento dos moradores. 

“Em outros conjuntos residenciais, menos populosos, foram construídas bancas dotadas de todos os requisitos modernos.” Será que o seu Meyer conseguiu ter a oportunidade de comprar o jornalzinho diário pela manhã perto de casa, antes de ir ao trabalho?

Leitor pede que polícia limite uso de “farol alto”, que causou acidente

Leitor reclama de farol alto
Leitor reclama de farol alto

Em 15 de abril, foi publicada a reclamação de Marcelino Luís de Oliveira, que registrou a insatisfação pessoalmente na redação do Correio, no SIG. O morador da Quadra NE 30 denunciou o uso da luz do farol por motoristas que atrapalham os “colegas” que andam no sentido contrário da avenida. 

Na quinta-feira anterior ao domingo em que registrou a reclamação, Marcelino conta que atropelou um garoto após “perder a visão” quando um carro o ultrapassou com farol alto. O fato, que deixou Marcelino indignado, fez com que, além de uma reclamação no jornal, ele organizasse um abaixo-assinado para “solicitar das autoridades um providência contra tais abusos a fim de evitar outras vítimas nas estradas”. 

Falta de luz promove um lugar para “amantes” se encontrarem

Nada de encontros “apaixonados” na Superquadra 107! Para Walter Luís, morador do bairro, a falta de iluminação no local não trazia insegurança, mas sim propiciava um ambiente para que casais “promovessem escândalos”. A reclamação dele, publicada em 1º de abril de 1962, pedia para que as autoridades tomassem “uma providência enérgica a fim de colocar um ponto final nesta irregularidade”. 

Todas as histórias retratadas aqui foram retiradas do Centro de Documentação (Cedoc) do Correio Braziliense, que se orgulha de fazer parte da história de Brasília!