Festa junina da 213 Sul: tradição desde a década de 1990

Edis Henrique Peres

Carlos Vieira/CB/D.A.Press
João Matos e Eliane Abreu com o álbum de imagens das festas juninas no Bloco A da 213 Sul | Foto: Carlos Vieira/CB/D.A. Press

Os meninos pintam no rosto um bigode que simula a barba que ainda vai crescer, enquanto as moças, de chiquinha, bochechas coradas com maquiagem e pintinhas marcadas de lápis de olho rodopiam com os vestidos coloridos e rodados. De chapéu de palha, a quadrilha entra ao som das músicas típicas e ao grito de “olha a cobra”, todos pulam. É festa junina! Para os moradores da SQS 213, do Bloco A, o festejo é uma tradição com quase 30 anos de história. “Os três primeiros anos, praticamente, era apenas uma festa para os nossos filhos, depois foi crescendo, e o bloco G começou a nos ajudar. No fim, fizemos 29 edições. Paramos por causa da pandemia”, conta João Matos, 80 anos, servidor público aposentado.

João relembra que foi a filha, Patrícia, que deu o primeiro impulso para o surgimento da tradição do arraial. “Aqui no prédio temos muitos nordestinos e gaúchos. Eu sou do Ceará, por exemplo, e todo mundo é muito animado para festejar. Minha filha também era festeira e, brincando com as crianças, inventaram de fazer uma quadrilha, e nós, os pais, acabamos incentivando a animação deles”, detalha.

Outra moradora que atuou nos quase 30 anos de festa, Eliane Abreu, 73, servidora pública aposentada do GDF (Governo do Distrito Federal), lembra que as crianças se dedicavam na produção de bandeirolas feitas com jornal e revista. “Fizemos algo simples nos dois primeiros anos, somente para os moradores do nosso bloco. As crianças dançavam a quadrilha e os pais desciam, cada um com um prato: trazíamos bolo, pipoca e balas doces”, revela.

Rapidamente, o espírito de São João cresceu e tomou proporções maiores. “Uma das moradoras, muito animada aqui do bloco, começou a descer com violão para tocar com as crianças e então começamos uma quadrilha também com os adultos. Aos poucos foi se formando as barraquinhas, de canjica, galinhada, feijão tropeiro, tudo feito pelos próprios moradores. Quando percebemos, a festa tinha tomado outro ar e precisávamos até pedir autorização para o GDF para realizá-la. Não era mais só uma festinha de criança, como começou”, afirma João.

Eliane diz que o foco era reunir as famílias da quadra. “Lógico que quem passasse e quisesse participar era bem vindo. E isso foi se tornando cada vez mais comum, a nossa festa unia a quadra toda, e quem vinha uma vez, cobrava a festa no ano seguinte e a comemoração começou a ficar famosa. Só não fizemos nos últimos anos por causa da pandemia”, ressalta.

Arquivo Pessoal
Grupo de moradores reunidos para cortar os ingredientes para o cachorro-quente da festa | Foto: Arquivo pessoal

Compromisso

Responsável por fazer o cachorro-quente para a festa, Eliane relembra o que considera os melhores momentos do grupo: “a noite de véspera”. “A festa tem uma comissão organizadora, que tem entre 15 e 20 pessoas. No início, precisávamos fazer várias reuniões para organizar tudo, e como não tínhamos salão no nosso bloco, as reuniões eram feitas a cada dia, na casa de uma pessoa. E isso era por si só muito animado. Ao fim, a pessoa servia um jantar, e era uma diversão só”, conta.

A realização do evento, contudo, demandava um grande esforço dos organizadores, com dias dedicados ao preparo dos alimentos, compras e licenças necessárias. Eliane e João, apesar disso, recordam com alegria das noites que o grupo passava, praticamente em claro, para conseguir preparar as comidas típicas. “A gente precisava na noite anterior se reunir na casa de alguém para cortar a charque, a cebolinha, preparar a carne para o espetinho e cortar a cebola. Quem não tinha dado reunião na sua casa, trazia a comida daquele dia que seria a nossa refeição. Era muito trabalhoso, mas ao mesmo tempo era divertido. A esposa do João, por exemplo, era responsável por temperar a canjica. Meu esposo era quem cuidava das finanças da festa, porque ele é auditor fiscal”, acrescenta Eliane.

Aos poucos, a Comissão pegou o ritmo da organização do evento e não precisava de tantas reuniões. “A gente já tinha um script a seguir. Mas a cada ano, anotamos os erros e acertos e conversamos ao fim da festa para ver o que não devíamos fazer e o que tinha funcionado. Para que no ano seguinte, fosse ainda melhor”, pontua a aposentada.

João revela que, com o passar do tempo, como os moradores foram envelhecendo, o grupo decidiu diminuir o número de afazeres manuais. “Antes, a gente montava as barracas e cavava os buracos para erguê-las. Mas do meio para o fim, percebemos que não dava mais, então compramos a estrutura de metal. Temos até hoje as lonas, as barracas, o fogão e a churrasqueira guardadas”, salienta.

Solidariedade

Em dois grandes álbuns, parte da história da festa junina da SQS 213 é eternizada. Um deles é um arquivo com os diversos documentos de cupons fiscais, rendimentos das festas, gastos e atas das reuniões. O grupo, inicialmente, teve dúvidas do que fazer com o valor arrecadado no arraial até que tiveram a ideia de doar o valor para alguma instituição de caridade.

“A gente decidia tudo em votação. E quando decidimos pela festa não sabíamos o que fazer com o excedente, então um morador sugeriu doar e todo mundo apoiou”, recorda. “Mas antes disso, para levantar o dinheiro que seria investido, cada membro da Comissão emprestava um valor nessa etapa inicial. A festa era feita no sábado, e no dia seguinte, no domingo, já pagávamos, para cada um, o que tinham emprestado. Nunca nem um morador ficou sem receber. Logo depois fazíamos uma reunião de rendimentos e do que tinha sido gasto, e escolhíamos para qual entidade seria destinado a doação”, explica.

Já o segundo álbum, guardado ainda com mais esmero, é um convite à memória. A cada página, as fotografias contam a história dos moradores: um vínculo que vai além da festa junina, que se traduz em amizade entre os residentes do Bloco A e também de afeto com a capital do país. “Vim para Brasília para passar somente um ano, cheguei em 2 de novembro de 1981, saindo do Espírito Santo com meu esposo. Hoje, mesmo visitando meus familiares que moram lá, logo quero voltar. Meu lugar é aqui, onde criei meus filhos. A gente acaba se apegando. As pessoas falam que aqui não tem praia, mas eu não sinto falta”, frisa.

Mestre Woo e o tradicional ponto de tai chi chuan da Asa Norte

Edis Henrique Peres

Ponto de harmonia e encontro
Mestre Woo: “Tai chi chuan é um cuidado com o bem-estar do corpo e da mente e um cultivo do intercâmbio de conhecimentos”  | Foto: Ed Alves/CB/D.A.Press

Os movimentos sincronizados, em ritmo e conexão com o próprio corpo, acumulam a energia e a dispersam. Os praticantes se movimentam na quadra de esporte, entre as entrequadras 104 e 105 Norte, enquanto os raios de Sol vencem as poucas nuvens e afastam a brisa fria da manhã da última terça-feira que marcou, de acordo com o registrado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), 16ªC nos termômetros da capital federal. A Praça da Harmonia Universal é um patrimônio imaterial de Brasília desde 2007, mas sua história com o tai chi chuan começou muito antes, ainda em 1974. Atualmente, a praça é um ponto de encontro para praticantes da arte marcial para pessoas de diversas regiões administrativas que querem vivenciar a energia tranquila que exala do local.

Natural de Taiwan, o grão-mestre Moo Shong Woo chegou ao Brasil em 1961, onde passou por São Paulo e Minas Gerais, até, finalmente, vir para Brasília, em 1968. A iniciativa do tai chi chuan começaria entre as quadras da Asa Norte somente na década de 1970. Hoje, com 90 anos de idade, o mestre acompanha as aulas, mas outro professor costuma orientar os alunos. Woo explica que a prática do tai chi é considerada, também, uma meditação em movimento.

“Os ensinamentos são de fraternidade, saúde e paz, um cuidado com o bem-estar do corpo e da mente e um cultivo do intercâmbio de conhecimentos. Eu tenho conhecimento para ensinar ao outro, mas minha neta, bem mais nova, também tem muito a ensinar para mim. Esse intercâmbio é muito importante, porque nós não somos robôs, somos humanos, e essas relações são fundamentais”, destaca Woo.

Grão-Mestre Woo pontua que o tai chi é o resultado de uma série de conhecimentos que foram se acumulando ao longo de milhares de anos. “É uma sabedoria que foi sendo construída, por todos. E é uma vitalidade não apenas para idosos, muitos jovens também precisam dessa prática, porque não se trata de cuidar somente do corpo, mas da mente. A praça é um local que junta todas as raças, todos juntos, de congregação porque somos todos irmãos”, avalia.

O mestre pondera que, atualmente, existem muitos medicamentos e tratamentos modernos, mas que esses não são os únicos meios para garantir a saúde de um paciente. “Ter uma boa relação com o outro, ficar ao ar livre, ver as pessoas que ama, tudo é bom para a saúde. É isso que a gente ensina”, frisa.

Ponto de harmonia e encontro
Victor Jimenez, ao lado de Marcia Seroa: “O tai chi chuan mudou a minha vida” | Foto: Ed Alves/CB/D.A.Press

Mudança de vida

O primeiro contato de Victor Jiménez, 68, advogado e morador do Lago Sul, com o tai chi chuan foi em busca de qualidade de vida. “Em 2009, comecei a sentir os primeiros sintomas do Mal de Parkinson, mas, até então, nem conhecia a doença. Sentia muitas dores musculares do lado esquerdo do corpo. No entanto, fui receber um diagnóstico somente em 2013. E, em 2015, mais ou menos, em contato com um professor da universidade, ele me disse que o tai chi poderia ajudar na estabilidade postural dos pacientes de Parkinson. Estabeleci como meta que iria fotografar as aulas de tai chi sem tremer, e hoje, inclusive, tenho um canal no YouTube, o Viver ativo com Parkinson, onde falo sobre diversas questões. E sou eu também que sempre fotografo os eventos realizados na praça e cuido da postagem dos vídeos e conteúdos dessas imagens”, detalha.

Victor se orgulha do equilíbrio que adquiriu com as aulas do tai chi. “Pratico todos os dias em casa ou aqui. O tai chi chuan mudou a minha vida”, confessa. Além dos benefícios que o advogado vivencia diariamente, na redução dos sintomas do Parkinson, ele destaca outro: “Ao longo desses anos foram se fortalecendo muitas amizades saudáveis devido ao nosso convívio aqui na praça, a gente vai se tornando amigos com o tempo”.

Diretora-presidente da Associação Being Tao e facilitadora do tai chi, Márcia Seroa da Motta ressalta que o espaço faz tanto sucesso devido ao acolhimento. “É uma arte que atende todos os públicos, do mais jovem ao mais velho, e que trabalha nessa liberação de energia. Nos domingos, quando fazemos alguns cafés da manhã, por exemplo, tem gente que vem de muito longe simplesmente para estar aqui, neste espaço de harmonia, porque se sente diferente nesse lugar. O espaço aqui abre essa possibilidade de compartilhar ideias, todo mundo estar juntos, de ter essa energia que é muito particular daqui. Os moradores daqui da quadra sentem isso e as pessoas que vêm de outras regiões administrativas também. Muito disso, principalmente, devido a serenidade do mestre Woo”, pondera Márcia.

Vizinhos e pessoas que praticam Tai Chi. Na foto, Moo Shong Woo | Foto: Ed Alves/CB/D.A.Press

A facilitadora revela que ela ganhou muitas amizades ao longo do tempo que praticou tai chi. “Quando cheguei a Brasília me sentia deslocada. Vim a trabalho para a cidade, e foi somente quando comecei a participar aqui que fui fazendo amizades. Tenho amigas de anos que já deixaram de frequentar a praça, hoje são professoras de tai chi em outros locais, e eu ainda mantenho contato com elas. Aqui é um ponto que realmente permite esse vínculo de amizade entre todos”, salienta.

Poeta e cineasta, Maria Maia, 62 anos e moradora da Asa Norte detalha a experiência com a arte marcial: “Quando você começa, pensa que é um movimento para energizar o seu corpo, depois pensa que estava errado e, na verdade, é para a sua mente, mas no final, descobre que é para o seu espírito”. Maria afirma que a praça, como o próprio nome sugere, consegue transmitir essa harmonia entre todos. “Por isso que se torna um poderoso local de encontro entre as pessoas, de união entre todos”, afirma.

Uma das amigas de Maria, Karen Smidt, 70, moradora da Asa Norte e advogada, garante: “Aqui praticamos realmente a fraternidade, a saúde e a paz”. Karen participa das aulas desde 2006, quando começou a passar próximo da praça onde eram realizadas as aulas e se interessou pela prática. Além do bem-estar, a arte marcial proporcionou amizades. Quando se encontrou com Maria, as duas se abraçaram e admitiram: “Quando a gente se abraça, é de coração para coração”.

Moradora do Lago Norte resgata gatos abandonados com apoio de vizinhos

Texto: Arthur de Souza

Solidariedade com os gatos
Cilene Maria Camargo faz parte do grupo de vizinhos que cuidam de gatos abandonados no Condomínio Privê no Lago Norte | Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press

Mesmo tendo a fama de ser um animal solitário e que não é muito adepto ao carinho, os gatos também podem ser responsáveis por unir uma vizinhança, e a história de Cilene Maria de Camargos, 56 anos, moradora do Lago Norte, se encaixa como um desses exemplos. A servidora pública conta que sempre teve paixão por felinos, de modo geral. Contudo, foi em 2005 que ela passou a ter um olhar diferente para os gatinhos. “Fui para Palmas passar o carnaval na casa de uma irmã, e minha afilhada ajudou uma filhote. Só que lá, ninguém gostava de gatos, então acabei trazendo para Brasília”, comenta.

Na época, Cilene morava na Asa Norte e lembra que fez seu primeiro resgate um ano após adotar o filhote que trouxe de Palmas. “Só que os dois não se deram muito bem e tive que arrumar uma doação, que também também foi um sucesso”, revela. “A partir daí, nunca parei. As coisas foram acontecendo gradativamente e, quando percebi,  estava com uma ‘gatoeira’, resgatando gatos em vários locais. Comecei a seguir alguns deles, para saber se eram mansos, se tinham donos ou onde se escondiam, era diário”, detalha a servidora pública.

Após mais de 15 anos fazendo o trabalho na Asa Norte, Cilene se mudou para o Setor de Mansões do Lago Norte, onde o projeto se manteve. “Lembro-me que, ao chegar, alguns vizinhos já alimentavam e cuidavam de um ou outro gato, porém, a população felina cresceu muito rapidamente, pois eles não eram castrados. Eu me vi morando em uma rua com uma colônia de gatos em pleno crescimento”, conta. Foi quando ela conheceu uma vizinha, chamada Dalva, que fazia o trabalho no local. “Começamos uma parceria e amizade que proporcionou o resgate de dezenas de gatos e algumas ninhadas pegando com as mãos. Entre maio de 2021 e abril de 2022, realizamos 32 castrações, entre adultos capturados e filhotes em lar temporário”, destaca.

Elo fundamental

A nora de Dalva, Camila Martins, 40, também é vizinha de Cilene e, assim como a sogra, ajuda no projeto. Ela conta que, mesmo antes de a servidora pública chegar, havia um trabalho desenvolvido, que começou quase da mesma forma que o da Asa Norte. “Uma gata apareceu com o rabinho cortado e infeccionado. A gente a pegou, minha sogra colocou antibiótico no leite, foi amansando e foi tratando essa gata, até fazer uma cirurgia para tirar a parte que estava comprometida”, lembra. “No que a gente levou ao veterinário para fazer o procedimento, descobrimos que ela estava prenha. Foi feita a cesária, tirou todos os gatinhos e um dos fruto dessa mãezinha que a gente resgatou, está comigo atualmente”, comenta.

Solidariedade com os gatos
Com a amiga Camila Martins e os bichanos: parceria e afeto. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press

Depois da mudança de Cilene, a administradora diz que o projeto ficou ainda mais robusto. “A união com a Cilene nessa iniciativa foi fundamental, porque a minha sogra começou cuidando primeiro de um gato, aí depois viraram dois, três e, de repente, tínhamos dez gatos”, enumera. “Criamos um grupo com moradores no WhatsApp e lá a gente divulga fotos, presta contas e faz balanço de quantos gatinhos foram resgatados, castrados, além da quantidade de ração que está sendo comprada”, detalha Camila.

Muito a ser feito

Apesar das parcerias, Cilene e Camila contam que a adesão de outros vizinhos ao projeto ainda está mais concentrada no ‘virtual’. “Quem realmente põe a mão na massa é a Cilene e minha sogra. Eu ajudo financeiramente e ajudo quando eu posso nas ninhadas de pequenininhos, para cuidar. Infelizmente, a união presencial ainda é pouca”, confessa Camila. Além disso, Cilene comenta que, no decorrer desses meses, elas têm enfrentado muitas dificuldades, como a resistência da comunidade. “Divulguei alguns casos de resgate no grupo do condomínio e alguma ajuda apareceu, não suficiente ainda para 100% das despesas”, lamenta.

Solidariedade com os gatos
Depois de capturados, os bichinhos são encaminhados a adoção |Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press

Mesmo assim, a servidora pública comemora que, por meio da doação de mais de 20 moradores, conseguiram que muitos gatos fossem castrados em um curto espaço de tempo. “No momento, ainda temos dois gatos adultos que precisam ser resgatados para castração, contudo, é um número bem mais fácil de trabalhar”, diz. “O trabalho é árduo, incansável e acredito que, divulgando cada vez mais essas ações solidárias aos animais que vivem em situação de abandono, as pessoas vão se sentir motivadas a participar, olhando para o lado, para as ruas, para os estacionamentos e que ajude ou inicie no cuidado dos animais”, espera Cilene, afirmando que, quem estiver interessado em ajudar de alguma forma — seja com doações ou fazendo uma adoção —, pode entrar em contato através do telefone 61 981308483.

De olho no futuro

Cilene diz esperar que essa ‘corrente do bem’ tenha cada vez mais elos. “Em todos os locais existem animais abandonados e a solução para ajudá-los é a participação de todos”, pondera. E é justamente o que Camila tem feito na própria casa. Ela e o marido amam os animais e estão passando esse carinho para a filha. “Sempre que a gente via um cachorrinho na rua ou um gatinho a gente procurava ajudar. Ela cresceu vendo a gente fazer e desenvolver esse hábito, o amor pelos bichos, então, foi um movimento natural. Hoje em dia, ela faz porque ama”, conta.

Solidariedade com os gatos
Cilene dá alimentação e monitora os animais | Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press

Apesar de ter pouco tempo — pois trabalha cerca de 12h por dia —, ela sempre tenta ajudar quando está com a filha. “Onde a gente encontra um bichinho em situação de abandono, procuramos socorrer, tirar uma foto para divulgar, dar comida, água, essas coisas”, complementa Camila.

Solidariedade com os gatos
Com a pandemia, o número de animais abandonados aumentou no DF | Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press

Moradores do Noroeste se unem para resgatar cães e gatos na rua

Renata Nagashima

Carlos Vieira/CB/D.A.Press
Stephanie Cunha (D) e Fernanda Nogueira: ação solidária no Bazar de Vizinhas

Engana-se quem acha que os vizinhos só se reúnem para fazer festas ou confraternizar. No Noroeste, os moradores dedicam esforços durante todo o ano para amparar animais de rua que foram abandonados ou esquecidos por ex-moradores. O excesso de cães e gatos deixados para trás nas ruas é uma realidade presente no setor e fez com que surgissem verdadeiros guardiões dos pets, que abraçaram a causa animal e lutam pelos direitos desses bichos.

No final de 2016, uma desocupação em uma área de invasão no Noroeste tirou 77 famílias de catadores de recicláveis que viviam irregularmente no local. As pessoas foram embora, mas os animais que ficavam no local, foram deixadas para trás e passaram a perambular pelas ruas do setor. “Esses bichinhos ficaram sozinhos no meio do mato e começaram a vir para cá. Então, o Noroeste ficou com matilhas de animais pelas ruas”, conta Stephanie Cunha, 55 anos, moradora do setor há nove anos.

Tocadas pela situação dos animais, algumas moradoras se juntaram para ajudar. Elas foram resgatando cães e gatos aos poucos. Os bichos eram castrados e depois levados para abrigos. “A demanda foi aumentando, mais vizinhos foram se unindo para apoiar a causa e assim o grupo Resgate Noroeste nasceu, pequenininho e entre moradores daqui mesmo. E cada vez mais crescendo o número de cachorros e gatos. Começamos a nos estruturar, continuamos a resgatar e ano passado a gente virou ONG”, relata Stephanie, que hoje é vice-presidente da Associação de Proteção Animal Resgate Noroeste.

Desde que o grupo se formou, 450 cães foram retirados das ruas e encaminhados para adoção. Quando resgatados, eles são levados para uma clínica parceira do Resgate, onde passam por um check-up, fazem todos os exames de sangue e imagem. Estando tudo certo, os animais são levados para um hotel parceiro, no Gama, fazem uma quarentena, em seguida são castrados e vacinados. “Depois desse processo nós fazemos o trabalho de divulgação nas nossas páginas para que eles sejam adotados e deem lugar para mais animais saírem das ruas”, explica.

Reprodução/Resgate Noroeste
Animais são resgatados e colocados para adoção pela ONG Resgate Noroeste | Foto: Reprodução/Resgate Noroeste

Para financiar as ações, os voluntários promovem ações como vendas de quentinha e bazar beneficente, que atualmente funciona em uma loja cedida por um vizinho que se solidarizou com a causa. “Os próprios vizinhos doam as coisas que vendemos no bazar. Tudo isso aqui é uma união de esforços”, completa Stephanie.

Além de ajudar os animais, o grupo também serviu para unir e fortalecer os laços de amizade entre os vizinhos. “Isso fez com que as pessoas se conhecessem, criamos muitas amizades. Aí todo mundo desce um determinado horário, os cachorros brincam, as pessoas se confraternizam. Eu acho que isso também movimentou, criamos grupos de mensagens, as pessoas conversam e trocam mais ideia”, afirma.

Uma das amizades que Stephanie fez foi com a professora, Fernanda Nogueira, 38, que atualmente cuida do bazar solidário com a vice-presidente da ONG. E ela garante que o que mais a atraiu para morar no setor foi a quantidade de projetos e a aproximação entre os vizinhos. “A gente organiza eventos, bazares, a gente ajuda cachorro, ajuda família carente e, ao mesmo tempo, fortalece o vínculo entre os vizinho”, diz.

A professora compara o Noroeste com uma cidade do interior. “Aqui o povo é muito bairrista. Então, tem o grupo do bar que a gente pergunta ‘quem quer tomar uma hoje?’ e já acha uma companhia. A gente desce sozinho para o bar e encontra a galera, não precisa sair de casa acompanhado necessariamente. Temos  que ter esse vínculo, para qualquer coisa tem um vizinho disponível para sair com você”, destaca Fernanda.

O que é moderno e o que é eterno em Brasília? Arquiteto Frederico Holanda responde

Severino Francisco

Brasília Moderna e eterna
Frederico Holanda: ele é professor emérito da UnB e pesquisa Brasília há mais de 50 anos. Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Arquiteto e professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), Frederico Holanda chegou a Brasília em 1962, em um Fusquinha, envolvido nas nuvens de poeira. Teve a impressão de entrar em uma cidade intergaláctica. Nunca mais parou de pesquisar a cidade. Os elogios de Frederico a Brasília têm credibilidade, porque ele é um crítico agudo do que chama espaços de exceção, espaços que isolam funções da cidade em Brasília. E, nesta entrevista, ele mostra como Brasília é o modernismo transformado em cidade, espicaça os espaços de exceção, sustenta que o Itamaraty é o prédio mais importante da história da arquitetura e fala do que é moderno e do que é eterno no desenho de Lucio Costa.

Brasília é o modernismo transformado em cidade?

Sim, mas Brasília não é a primeira. Chandigard, projetada por Le Corbusier, na Índia, é de um pouco antes. Mas Corbusier brigou com os indianos, a cidade projetada não é exatamente a que está lá. Eu diria que Brasília é a primeira grande materialização inteira, exaustiva e completa do modernismo transformado em cidade. Os europeus e os norte-americanos têm uma dor de cotovelo do cão por causa disso. Nunca fizeram nada parecido.

O título de um livro seu é Brasília cidade moderna, cidade eterna. O que é moderno e o que é eterno em Brasília?

É um título provocativo, falam que Brasília é a cópia, escarrada e cuspida, da Carta de Atenas, manifesto da arquitetura modernista internacional. Sim, Brasília tem muita coisa da Carta de Atenas, de Le Corbusier: a unidade de vizinhança, os equipamentos públicos próximos da casa, a separação radical do fluxo de veículos da área residencial e a farta disponibilidade de área verde. Tudo está lá. Mas quando Lucio Costa cria a Esplanada dos Ministérios e as quatro escalas (monumental, residencial, a gregária e a bucólica), ele se afasta dos princípios da Carta. A famosa escala monumental era um anátema para os arquitetos modernos porque eles equacionavam esse conceito com fascismo e nazismo. Lucio Costa manda às favas esse tipo de preocupação e cria um espaço monumental por excelência, simbólico, que representa não só a ideia de capital, mas a da própria cidade. A gente pode apreciar esse cartão-postal do deck superior da plataforma da Rodoviária ou do mirante da Torre de TV. É isso que faz o link com o eterno.

O senhor formulou o conceito de espaço de exceção para descrever Brasília. Mas, ao longo do tempo, parece que a sua visão se relativizou…

Criei esse conceito durante a minha tese de doutorado. É a ideia que Brasília tem um espaço isolado para as funções da sociedade: a política, a cultura, a moradia. A Esplanada é um penduricalho na cidade, com vista privilegiada pela plataforma da Rodoviária. Não tem a cidade ao redor, como Washington ou o Champs-Élysées. É espaço livre, prédios, galpões e um pouco de embaixadas. A Esplanada é o espaço de exceção por excelência. E por que isso é criticável do ponto de vista ético? Porque isolo um determinado conjunto de práticas e conjuntos sociais que não favorece uma manifestação urbana. O que a gente vê é que tem uma apropriação subversiva nas margens pelo comércio ambulante que “macula” o espaço de exceção, pelo menos nos cinco dias úteis da semana. A minha crítica é do ponto de vista da urbanidade desejável.

Que espaços cumprem essa função?

Gosto de citar a Vila Planalto e o bairro de Copacabana. Você tem uma diversidade de classes sociais, trabalhadores manuais, classe média. É completa no sentido da urbanidade. Você tem toda a diversidade social em um bairro como tem na cidade. No espaço de exceção, só tem barnabé, alguma coisa de cultura no Museu, no Teatro Nacional defunto, nos rituais religiosos na Catedral Metropolitana. Ponto, acabou. Exceto, a pequeníssima subversão dos vendedores ambulantes.

E qual o aspecto que você julga importante no projeto de Lucio Costa para a escala monumental?

Ele resgata a dimensão dos espaços que os estetas chamam do sublime, monumental, é algo que causa assombro. Gosto muito do livro A arte de viajar, do Alain Botton, em que o autor fala sobre o espanto das pessoas em relação aos espaços amplos. Não cita Brasília; cita Versailles, Wasghinton, a paisagem de gelo dos polos, as areias do deserto, as montanhas nevadas, diante das quais não nos sentimos diminuídos ou massacrados, mas, sim, impelidos a realizar o melhor de nós. Isso está na base da explicação do nosso encanto ou assombro ou deleite com os espaços monumentais. Um espaço como a Esplanada dos Ministérios retira da cidade a vitalidade dos espaços públicos. Mas tem o outro lado, a monumentalidade nos causa deslumbramento, respeito, pasmo. O exemplo mais impressionante, que deu um nó em minha cabeça, é o de Teothioacán, no México. A chamada Avenida dos Mortos, construída 300 anos antes de Cristo, é extremamente parecida com a Esplanada dos Ministérios. O centro abriga palácios, templos e edifícios governamentais. Quando bota o pé, você arrepia e chora. É esse arrepio que a gente sente na Esplanada dos Ministérios.

Em discurso, ao receber o título de professor da UnB, você afirmou que o Itamaraty era o prédio mais importante da história da arquitetura. Gostaria de rever a opinião?

Não renego nada, repito o que disse em todos os lugares por onde passo. Para mim, o Itamaraty é edifício mais importante da história da arquitetura, é uma espécie de síntese de todos os aspectos. Primeiro, é um prédio ímpar, não só em relação aos palácios de Brasília, não só pelo concreto aparente. Como ocorre no Palácio do Alvorada, é uma mescla do Oscar dionisíaco com o apolíneo. Tem uma variedade estonteante de espaços no mesmo edifício. Quando você entra no Itamaraty passa pelo vestíbulo, sobe aquela escada solta no ar, passa por um jogo de contrastes que eu nunca vi. Eu me meto a dizer isso porque andei um bocado o planeta. Não conheço um edifício que te surpreenda a cada cinco metros do percurso. Tudo vem junto com uma edificação absolutamente simétrico, com quatro fachadas idênticas, rigorosamente moduladas por intercolunas, erigidas em uma planta quadrada. Por isso, digo que é um edifício clássico, faz esses resgates todos na tradição da arquitetura. O Palácio do Itamaraty é o Parthenon. Ao mesmo tempo, com inovações. Tem uma varanda, que é um espaço tradicional de socialização. Só que Oscar bota a varanda no terceiro piso, com um foco luminoso sobre o jardim de Burle Marx.

O que o caso das mudanças realizadas na Feira Torre de TV exemplificam?

Exemplifica uma visão de cidade extremamente perversa. A cidade se produz pelo que Raquel Solnik chama guerra dos lugares. Foi uma batalha perdida porque, assim como você ia com os seus filhos, a gente ia com os nossos. Os meninos soltando pipa, olhando areomodelo, comendo milho, comprando artesanato. A Feira da Torre se transformou em uma autêntica festa semanal. Fizemos uma enquete, a maioria dos frequentadores vinha das cidades-satélites e subia do Parque da Cidade para a Torre de TV. Eu tenho fotos. Era uma multidão. Essa festa surge muito sutilmente em função do mirante e das pessoas que sobem para ver a torre. Chamam o artesanato, os habitantes, as atividades complementares, as comidinhas regionais. É a sinergia da urbanidade, que se alimenta da diversidade de práticas sociais naquele lugar. Tem o lazer ativo e passivo. Os aeromodelos, as pipas e o patinete. E tem o lazer contemplativo, que é simplesmente olhar o cartão-postal, em uma das vistas mais privilegiadas de Brasília. Era isso junto que fazia o sucesso daquele lugar. E, mais importante que tudo isso, quando fizemos uma enquete na torre qual foi a principal razão? simplesmente ver gente e encontrar pessoas.

E por que acabaram com a Feira da Torre antiga?

É uma visão esteticista e equivocada. O principal argumento é que ela maculava a percepção do monumento projetado por Lucio Costa. É estúpida, não prejudicava coisa nenhuma. A feira do artesanato se beneficiava de toda aquela sinergia. O meu saudoso amigo Alfredo Gastal fez declarações de que a mudança da feira tinha o apoio do Iphan, porque maculava o monumento. Enquete feita por Gabriela Tenório com os feirantes mostrou que, de todos os problemas levantados pelos feirantes, nenhum estava relacionado à localização.

Qual a solução urbanística mais feliz de Brasília?

Eu acho que são as superquadras. Tem uma distinção que é importante fazer e a literatura quase não faz. As superquadras brasileiras não são cópias das superquadras corbusianas. As de Lucio Costa têm 80% de espaços verdes, têm escolas para os moradores. Apesar dessa grande quantidade de espaços verdes, tem uma certa continuidade espacial. Além disso, os prédios de Lucio têm seis andares; os de Le Corbusier têm 16. Na superquadra de Lucio Costa, você sente esse aspecto agradável de estar em um espaço aberto na sua vida cotidiana. Isso faz com que sejam as superquadras sejam extremamente apreciadas pela população. Dos meus 50 anos de Brasília, moramos de 1972 a 1976 e de 1980 a 2000, em superquadra, até nos exilarmos em um condomínio em Sobradinho. A socialização, o aproveitamento do espaço livre dos adultos e das crianças são muito apreciados. O James Holston escreveu no livro A cidade modernista que, inadaptada às superquadras, os brasilienses se mudaram para paisagens tradicionais, que são o Lago Sul e o Lago Norte. É um delírio completo. O centro da sociedade civil em Brasília que é péssimo. Quem pode aprovar aquele monte de viaduto, as diferenças de níveis, a situação dos pedestres obrigados a correrem de carros passando a mais de 80km por hora? É um horror. O valor do urbanismo de Brasília está na área residencial e no sublime da escala monumental.

Crônica: As voltas que a cidade dá

Mariana Niederauer

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De quantas voltas se faz uma cidade? Se é assim que se conta a duração de um ano, por que não usar a metáfora para um monumento concreto, porém poético? Acordei numa madrugada com essa inquietação. O clima era de deserto. Essa aridez da seca de Brasília unida à pasmaceira de uma noite sem agitos. E percebi que aqui a vida dá voltas, a começar pela localização mais central e nobre de seu desenho.

A inspiração fez nascer talvez o texto de minha autoria mais belo que povoou as páginas deste jornal. A modéstia realmente ficou à parte, mas se me acompanhar pelas próximas linhas talvez entenda a viagem que me fez embarcar nesse sem-fim de sensações que apenas guiaram as mãos intuitivamente pelo papel, na tela do smartphone e nas teclas do computador.

Eu contava como a vida dá voltas no Parque da Cidade. Brinca de ciranda no Ana Lídia. Passeia na roda gigante do Nicolândia. Pedala o camelo nos caminhos cíclicos ou o pedalinho sobre o espelho d’água. Deixa uma jura de amor sobre a ponte. Refresca a sede com água de coco. Saca os problemas e corta a tensão numa quadra de vôlei.

Nesse momento, já sabia que carregava no ventre a primeira filha. Passava por uma transformação que só depois do nascimento dela entenderia totalmente, e seguia sendo levada por essa inspiração que se chama Brasília, onde a vida pega carona nas asas do Plano. Exibe a beleza pela passarela da Esplanada. Esbanja cerrado pelos canteiros de Ozanan e nos braços não menos candangos de operários dedicados de sol a sol. Exala elegância nos traços livres de Niemeyer. Organiza-se entre os eixos de Lucio Costa.

Sob os prédios, pilotis erguidos e habitados por meus avós, pais, tios e tias. A primeira e segunda geração de uma cidade que nasceu com muitos irmãos, na esteira e na leveza da vida que mergulha num lago artificial. E encanta-se com sua beleza natural. É crepúsculo na Ermida e Alvorada sobre a Terceira Ponte. Derrete-se no brilho mágico dos amantes que reflete sobre a água. Diverte, exercita e renova energias nessa imensidão Paranoá.

Depois de viver a infância entre os blocos de histórias pujantes, encontrei o mais belo e puro amor no mais escancarado clichê. À la Eduardo e Mônica, nos apaixonamos nos primeiros semestres de UnB. Calouro, veterana. A menina ingênua e estudante aplicada, com o rapaz alto e bonito, o mais popular das festas populares.

E então a vida fez preces na Catedral, sob os anjos de Ceschiatti e o azul intenso de Marianne Peretti. Casou-se com o primeiro namorado na Igrejinha. Pediu bençãos na Praça dos Orixás. Saiu em procissão com tapetes e velas. Regozijou-se com o pôr do sol na Praça do Cruzeiro.

Desde aquele encontro, a gente trata de viver se rebelando como Renato Russo. Vivendo a vida que canta a Legião Urbana na calçada. Faz fila do Karim à 106 Sul. Sintoniza o rádio na estreia do Drive-in. Assombra o Teatro Nacional. Escandaliza o público no Mané. Monta picadeiro no ginásio. Toma café da manhã na Torre e embarca no museu-aeronave do Complexo Cultural da República. Viaja galáxias e desvenda buracos negros no Planetário.

Com a segunda vida a caminho, no corpo exausto pelos efeitos de uma pandemia cruel, mas alma plena e ansiosa por mais desafios, a vida chega a se perder entre as quadras geométricas da Octogonal. Encontra história e samba no Cruzeiro. Bronzeia-se nos clubes. Brinda nos bares. Desfaz esquinas. Perverte a lógica na matemática do Plano Piloto. Invade as agulhinhas e, em breve, pulará carnaval nas tesourinhas.

Tanto esforço pelo caminho e a vida decide embarcar num voo no aeroporto e respirar novos ares. Vira turista. Inebria-se. Transforma choro em estrela cadente. Explora encanto e luta em Ceilândia, Taguatinga, Itapoã, Samambaia ou perto de Goiás. Encontra verdades periféricas. Desmascara injustiças. Sofre. É muitas vezes esquecida. Mas vira haikai e não perde a poesia. Ergue-se do barro. Constrói. Realiza sonhos.

Aí, quatro gerações e 62 anos depois, a vida se completa em uma só Brasília, aquela que integra os moradores com seus vãos abertos em pilotis, os mesmos que convidam às brincadeiras de criança ou a um bate-papo no fim de tarde. Afinal, a minha, a nossa Brasília, a cidade dos eixos, das tesourinhas, das agulhinhas, das quadras e das controvérsias de esquina, tem charme de metrópole e gosto de café passado no coador de pano em casa de vó.

No começo, tudo era poeira: a amizade que acompanhou Brasília crescer

Pedro Almeida*

Maria Elisa e Suely em frente ao Bloco D da 106 Sul: histórias compartilhadas

Por entre os galhos secos e tortuosos do Cerrado, em 1960, o Brasil ergueu uma nova capital. Àqueles que chegaram no início de tudo, restava abrir-se para o novo e construir laços numa cidade empoeirada e ainda quase deserta. Em um mesmo prédio residencial, cheio de desconhecidos vindos de várias regiões do país, havia a possibilidade de novas relações. Esse foi o caso de Suely de Roure e Maria Elisa Stracquadanio, que dividem o mesmo pilotis desde meados dos anos 1970.

Para a carioca Maria Elisa, 71 anos, servidora pública aposentada, a poeira da cidade e as lembranças se misturam. Com a mãe transferida para a nova capital em 1960, a então garota de 8 anos lembra-se de de ficar diante de um projeto de cidade tomado pelo solo escavado e com a terra vermelha à mostra. No primeiro dia, a família composta por mãe e filha se deparou com um apartamento vazio. A mudança havia se perdido no caminho. Com o frio que assolava a cidade naqueles invernos secos dos anos de 1970, e sem muitos prédios levantados para frear o vento, o jeito foi alojar-se dentro do guarda-roupas embutido para passar a noite. A história que se seguiu nos 62 anos de Brasília, contudo, se provaria muito mais calorosa.

No caso da paulista Suely, 74 anos, professora aposentada, o calor ardia. Moradora da Cidade Livre, local criado para abrigar os primeiros trabalhadores que erguiam Brasília e que viria a se tornar o atual Núcleo Bandeirante, ela conta que, por ser construída à base de madeira, a cidade sofria com incêndios. O temor pela segurança dos filhos tomou conta da mãe de Suely, que resolveu levar a família para Goiânia. Alguns anos se passaram até que ela decidisse dar uma segunda chance à nova capital. Desta vez, na 106 Sul, a mãe encontraria, na sombra atípica de um pinheiro, o frescor da tranquilidade e um local para que Suely chamasse de lar.

A menos de um ano da inauguração de Brasília, Juscelino Kubitschek havia cortado a fita do primeiro prédio residencial da cidade. O bloco “D”, da quadra 106 Sul, estava pronto e preparado para que, pouco mais de uma década depois, em 1975, a dupla desse início à duradoura amizade. Suely viu Maria Elisa constituir família e rememora os filhos e netos dela baterem à porta no dia de Cosme e Damião para pedir doces; Maria Elisa viu Suely crescer na Secretaria da Educação e, por amor, tomar a frente do prédio como síndica. Ela pode ser encontrada na pequena saleta ao lado da portaria. Maria Elisa diz, em tom de brincadeira, que o cargo é vitalício por direito.

Recepção

Quando juntas, as duas divagam por uma gama de assuntos de forma fluida. As questões da idade são intercaladas por memórias de 40 anos contadas com a precisão de quem as viveu semana passada. Das piadas aos assuntos sérios, não há meias palavras. A dupla detém, de cor, o mapa dos apartamentos distribuídos no corredor de cobogós. O nome dos moradores atuais, bem como os antigos, está na ponta da língua. Basta dizer os três dígitos referentes ao apartamento. Os moradores vindouros, claro, são muito bem-vindos e recebidos com flores e comida, como de costume.

A intimidade, porém, é uma via de mão dupla. Com quatro décadas de amizade, Maria Elisa e Suely têm abertura suficiente para discordarem, o que traz um tempero a mais nas reuniões de condomínio. Com posições, às vezes, distintas, as duas confessam que o clima pode esquentar. Tudo pelo bem comum, que é o amor pelo local que elas, há tanto, habitam. É claro que, do salão de reuniões para fora, reina o amor que elas construíram ao longo do tempo. Não demora e a dupla já está compartilhando confissões, pomadas e canjica mais uma vez.

 *Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira

Filho de pioneiros, Dom Marcony fala que diálogo é marca de Brasília

Arcebispo militar do Brasil, Dom Marcony Vinícius Ferreira é entrevistado pelo jornalista Carlos Alexandre de Souza, no programa CB.Poder

Texto: Pedro Marra

O diálogo é a marca de Brasília, segundo Dom Marcony Vinícius Ferreira, 5º arcebispo militar do Brasil. Filho de pioneiros, ele nasceu na cidade e afirma que uma boa conversa, com respeito e compreensão, faz parte dos brasilienses. Em entrevista CB.Poder — programa da TV Brasília em parceria com o Correio Braziliense —, desta quarta-feira (20/4), essa característica deve ser priorizada e vivida pelos moradores da Capital neste ano de eleição para combater a polarização política entre familiares, amigos e vizinhos.

“Diálogo sempre faz crescer, e as polêmicas desunem, porque cada um se segura no seu ponto de vista e não quer ver o outro”, afirma. Os pais de Marcony vieram do Rio Grande do Norte para a construção da cidade na década de 1960. “Somos pioneiros, candangos, nos alojamos na Vila Planalto, e estamos lá até hoje”, relata.

Naquele momento, ele foi chamado para o seminário menor, no ensino médio do Colégio Corjesu, na L2 Sul, para depois ingressar no Seminário Maior, na Igreja Nossa Senhora de Fátima, no Lago Sul. “Lá, fiz filosofia, teologia, e logo fui ordenado, em 1988 pelo Dom José Freire Falcão, cardeal da nossa cidade naquela época, que me designou a trabalhar em Sobradinho, na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima”, recorda.

Dom Marcony acredita que o lema da Campanha da Fraternidade 2022“Fraternidade e Educação”, é o que pode guiar o respeito e aproximação de pessoas com pensamentos opostos. “Na medida em que a gente se deixa levar pelo diálogo e pela compreensão de tentar entender o lugar do outro, a gente tem fraternidade”, destaca. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é a entidade que organiza a divulgação da campanha religiosa.

Relação com militares

Em 12 de março, Dom Marcony Vinícius Ferreira foi nomeado pelo Papa Francisco como arcebispo militar de Brasília, até então bispo auxiliar de Brasília, como novo Arcebispo do Ordinariado Militar do Brasil. Desde então, ele conseguiu perceber a identificação dos integrantes da igreja para com os militares.

“O que nos aproxima muito dos militares e da igreja é a disciplina, a hierarquia e o sentido de obediência, em que não se tem discussões”, analisa o líder religioso. Dom Marcony destaca que se uma pessoa quer seguir a Deus, tem que fazer renúncias. “No campo militar, tem que estar 24 horas disponível ao país”, exemplifica.

Confira abaixo a entrevista completa no Youtube do Correio.

 

Transporte, saúde e energia eram as reclamações de Brasília na década de 60

Talita de Souza

O ditado “desde que o mundo é mundo”, usado para se referir a uma questão que foi estabelecida ou que ocorre há muito tempo, se encaixa bem ao se referir a problemas de alguns setores de serviços de Brasília. Transporte público, saúde e infraestrutura são as três áreas que mais provocam reclamações de moradores da capital nos dias atuais,  e também provocavam insatisfação desde a década de 1960.

Em um levantamento feito pelo Correio, a maioria das reclamações dos moradores da cidade em abril de 1962, mês e ano em que a capital completava apenas dois anos, feitas na Coluna do Leitor, se tratavam de falta de energia, mudanças de horárias repentinas no serviço de transporte público — ou até mesmo a falta do ônibus nas paradas — e falhas no atendimento médico. 

Naquele momento, há apenas dois anos do nascimento da capital, os poucos moradores que apostaram na nova capital e vieram doar as vidas para o projeto e para o futuro de Brasília, não perdiam tempo para exigir melhorias para a cidade. Com tom de seriedade, irritação e até mesmo deboche, os candangos rechearam as páginas do jornal com o que eles desejavam que fossem notícia: uma capital melhor e digna para todos.

Confira abaixo algumas das reivindicações feitas por meio do Correio nesse aspecto. 

TCB vergonha: morador diz que precariedade do serviço poderá levar usuários a fazerem “justiça pelas próprias mãos”

A Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB), inaugurada em maio de 1961 como Transporte Coletivo de Brasília, era alvo de constantes reclamações em abril de 1962. Responsável pelo serviço de ônibus na capital, a empresa foi classificada como “vergonha de Brasília” pelos moradores. 

Em 3 de abril de 1962, David Lobo, morador da Superquadra 413, descreveu que a TCB tinha problemas desde o atendimento dos funcionários até a qualidade dos ônibus. “É uma tristeza observar-se que numa cidade tão bem traçada como Brasília dotada de todos os requisitos modernos, seja tão mal servida de transporte”, começou o brasiliense.

“Observa-se que os horários não são cumpridos, os trocadores são mal educados e os motoristas são grosseiros”, acrescenta. O tradicional problema do troco, dor de cabeça para cobradores e usuários de ônibus de Brasília, já era um fator de estresse naquela época, quando a moeda ainda era o cruzeiro. 

“Na linha JK-W3 o preço da passagem é de Cr$ 15, mas o trocador nunca tem Cr$ 5 para dar de troco. Se o passageiro reclama, é recebido com uma série de grosserias”, contou. O estresse também era presente na hora de pegar ou descer do ônibus: David afirma que os motoristas não respeitavam as paradas de ônibus e que “param onde bem entendem”. 

Com tantos pontos de insatisfação, David compartilha com os leitores do Correio que o estresse pode levar a uma medida radical. “Procurem melhorar essa situação pois, um dia quando a população começar a revoltar-se e fazer justiça pelas próprias mãos, irão dizer que são vândalos e sem educação”, termina.  

Funcionários da Caixa Econômica abandonados na W3: “Brasília vai se tornar odiada”

O drama de Fernando Carlos Xavier, morador da quadra 16, foi exposto em 13 de abril de 1962. De acordo com o homem, a TCB não tinha horários definidos e os motoristas passavam quando quisessem, o que fez com que fossem penalizados no serviço por chegarem atrasados. “Horário para os motoristas da TCB é coisa secundária, pois nunca obedecem”, ironiza Fernando.  Ele conta que já ficou por 40 minutos à espera de um ônibus que o levasse da W3 para a Rodoviária. Na carta, o homem pede a correção do problema sob pena de que “Brasília vai se tornar uma cidade odiada por aqueles que não possuem condução própria”. 

Paradas de ônibus “mal feitas” e ineficientes

Os problemas com transporte público também eram vivenciados fora dos ônibus: Dalton Lobo, morador da Superquadra 413, reclamou, em 10 de abril de 1962, sobre a estética das paradas de ônibus. Chamadas à época de “abrigos”, os locais foram classificados como “mal feitos” e “ridículos”. “Já viram como são ridículos os abrigos construídos para passageiros na av. W3?”, questionou o homem à redação e aos outros leitores do Correio. 

Além de feios, Dalton conta que as paradas não servirão para livrar os passageiros da chuva.  Ele pede que a Assessoria de Planejamento da época “reveja” os projetos de construção dos locais. “Brasília é uma cidade ultra-moderna que não comporta coisas mal-feitas”, finalizou o leitor na carta. 

Hospital não atende telefone, tem números fakes e deixa brasilienses na mão

Em época de Serviço de Atendimento Médico Móvel (Samu), pode ser incomum ouvir que para pedir uma ambulância na década de 1960 era necessário ligar para o hospital, em um telefone fixo, e torcer para ser atendido. A realidade da época foi revelada por Rafael de Mendonça, em 3 de abril de 1962. Na carta enviada ao Correio, Rafael fala sobre a falência desse sistema no Hospital Distrital, nome da unidade de saúde que hoje é o Hospital de Base. 

O morador da Asa Norte conta que o telefone geral do lugar não atende e, na tentativa de encontrar outros canais para ser atendido, ligou para os números listados como do Hospital Distrital no catálogo telefônico. A surpresa foi que os números, que tiveram a ligação prontamente atendida, não eram da unidade de saúde, mas sim de residências particulares. 

Rafael ainda reclama que não há na Asa Norte telefones disponíveis, apenas quatro espalhados por toda a extensão da localidade, o que dificulta ainda mais a tentativa de pedir socorro para um ente querido. Ele classificou como “desesperadora” a situação de saúde no local e pediu que as autoridades olhassem “com carinho” as críticas e tomem providências.

Onde dias depois, outra reclamação sobre os telefones do hospital foi registrada no Correio. Em 14 de abril, Manuel de Souza Lima, do Acampamento da E.B.E, direcionou a insatisfação com a telefonista da unidade de saúde. Ele afirmou que ligou para o pronto-socorro e a ligação não foi transferida, que caiu. 

Depois, tentou contato e não obteve êxito. Manuel conta que o caso era sério e não podia esperar e que “irritou-se, pegou um carro e levou a pessoa enferma ao hospital”. Ele pedia que a direção do hospital corrigisse o problema e classificou o serviço telefônico como “Inteiramente deficiente”. 

Portaria desumana: um pronto-socorro “que de socorro não tem nada”

Em 29 de abril, o relato de um pai de um bebê de seis meses trouxe angústia aos leitores do Correio. Juarez da Silva, morador do bloco 4 da Superquadra 105 contou que foi até o Hospital Distrital levar o filho que estava “necessitando de socorro urgente”. Lá, esperou cerca de 1h15 por atendimento, que, segundo ele, foi negado pela portaria do local, que classificou como “desumana”. 

Primeiro, o chefe de portaria exigiu documentos e depois afirmou que o bebê só seria atendido se fosse pago uma taxa extra. Juarez afirmou que pagaria o que precisasse porque queria que o filho fosse atendido. No entanto, o “desalmado porteiro” não encaminhou o menino para atendimento e o pai teve que ir ao hospital do Iapi (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários) porque “a criança piorava mais”. 

Juarez fez um apelo à direção do hospital “a fim de que procure um meio para humanizar o Hospital Distrital, principalmente o Pronto-Socorro que de socorro não tem nada”. 

Escuridão atrapalha o ir e vir dos brasilienses

Em 10 de abril de 1962, Meyer Wakimin expôs que as noites no bloco 16 da Asa Norte eram permeadas de escuridão, que causava insegurança e impedia o ir e vir dos moradores. O homem afirma que a falta de energia no residencial do IAPC torna “quase impossível às moças ou senhoras sair de casa”, porque além do “risco de serem assaltadas por malfeitores”, que, segundo ele, faziam morada no local, também poderiam cair em buracos nas ruas, problema recorrente no local. 

O mesmo problema foi relatado, também, em outra localidade de Brasília, o conjunto residencial JK, nas Superquadras 412 e 413. Em 13 de abril daquele ano, os moradores afirmaram que a iluminação precária feita apenas por lâmpadas comuns anexadas às paredes dos edifícios deveria ser trocada por um projeto de iluminação maior e mais abrangente. 

Os brasilienses que viviam no local afirmavam, ainda, que as lâmpadas por vezes queimavam e ninguém trocava. A mesma reclamação foi refeita no jornal quatro dias depois, em 17 de abril, dessa vez por apenas um morador, Daltro Lobo.

Em 28 de abril, foi a vez de Paulo Roberto reclamar da precariedade da iluminação na SQ 107, onde morava. O homem afirmou que os casais que andavam ali poderiam sofrer “atentado por parte de maus elementos” e pediu “enérgicas providências” para que o problema fosse solucionado. 

Todas as histórias relatadas aqui foram resgatadas das edições de 1962 guardadas no Centro de Documentação (Cedoc) do Correio Braziliense. O Correio se orgulha de fazer parte da história de Brasília! 

 

Jardim Botânico, Zoológico e Ermida: conheça passeios para curtir Brasília

Iara Pereira*

Brasília surgiu primeiro como um sonho. Em 1883, 77 anos antes da inauguração da cidade, um padre italiano sonhou com uma terra próspera, construída exatamente nas coordenadas onde a cidade está hoje.

No relato, eternizado em um livro de memórias, o santo católico João Bosco, conhecido como Dom Bosco, conta ter sonhado que fazia uma viagem à América do Sul. Mesmo sem conhecer o continente, imaginou um lugar entre os paralelos 15 e 20, onde havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se formava um lago. Segundo ele, essa visão representava a “terra prometida, de onde jorrará leite e mel”.

Hoje, 138 após o sonho de Dom Bosco e exatamente no ponto visualizado, está a primeira construção de alvenaria da cidade. Uma ermida que leva o nome do santo e que foi inaugurada em 1957, antes mesmo de Brasília. Emoldurado pelo Lago Paranoá, foi criado também o Parque Ecológico Ermida Dom Bosco, categorizado como Monumento Natural 

Com 131 hectares de área verde, o espaço atrai esportistas, famílias para piqueniques e muitos visitantes para ver um dos pontos mais famosos de Brasília para assistir um pôr do sol. Também é comum ver por lá banhistas nadando e aproveitando o sol às margens do lago.

Assista ao vídeo do especial Brasília 62 anos com mais informações:

Jardim Botânico

O Jardim Botânico de Brasília é predominantemente composto por vegetação do cerrado. Por conta dessa característica, é conhecido como o “Jardim do Cerrado”. Com quatro parques temáticos (jardim japonês, jardim de cheiros, jardim evolutivo e jardim de contemplação), o JBB pode ser apreciado por meio das trilhas que estão abertas à visitação. E, aos que amam manter contato com a natureza, o espaço é perfeito para piqueniques, além de contar com uma das melhores opções de café da manhã da cidade aos finais de semana.

Veja mais detalhes de cada jardim:

  • Jardim EvolutivoTem a finalidade de apresentar a evolução das plantas segundo seu sistema reprodutivo. É onde estão localizados o Orquidário, a Casa de Chá e o Espelho d’Água. 
  • Jardim Japonês – Apresenta um paisagismo que busca equilíbrio e harmonia. O visitante é convidado a contemplar as águas, pedras, plantas e adentrar um estado de meditação.
  • Jardim de Cheiros ou Jardim Sensorial – Busca a interação dos visitantes com a flora do JBB. Projetado para valorizar plantas com características medicinais, aromáticas e condimentares, o jardim é um espaço didático, que estimula os cinco sentidos.
  • Jardins de Contemplação – Foram idealizados como uma representação dos seis biomas brasileiros: Mata Atlântica, Cerrado, Pampas, Floresta Amazônica, Caatinga e Pantanal. As diferentes espécies vegetais são posicionadas ao redor de um lago central.

Jardim Zoológico

Para quem gosta de observar a fauna, o Jardim Zoológico de Brasília, próximo ao Guará, integra o visitante com a natureza. Em uma área de mais de 130 hectares, o Zoológico comporta os recintos dos animais, o Museu de Ciências Naturais, borboletário, uma área para acampamento e piquenique, lagos artificiais, estacionamento e lanchonetes. Tudo isso além das áreas arborizadas para passeio, onde o visitante pode apreciar a diversidade de espécies que habitam no jardim.

*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer